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Arte, Cultura e Pastelaria

Arte, Cultura e Pastelaria

O pão no Antigo Egipto

Graellsia, 09.01.11

   A História do pão confunde-se com a da Humanidade, sendo o alimento preparado mais antigo de que se tem notícia.

 

   No Crescente Fértil, região compreendida desde o actual Irão até ao Vale do Nilo, passando pelo Iraque e a Síria, o Homem já cultivava o trigo e a cevada desde há 8000 anos.

 

   A produção de pão teve o seu maior desenvolvimento no Antigo Egipto, não só devido às grandes produções de trigo nas férteis margens do Nilo, como pelos enormes progressos na farinação e peneiração da farinha, na preparação da massa que amassavam com os pés, e na fermentação das massas com o mosto da preparação do vinho e da cerveja, e na cozedura sobre pedra quente ou em vasos de cerâmica colocados no meio das brasas.

 

   Encontramos já no Antigo Egipto corporações de Padeiros, claramente identificadas. O padeiro real gozava de regalias especiais conferidas pelos Faraós, que, acreditando na vida eterna, se faziam acompanhar de pão nos seus sarcófagos. Mas, a sacralidade do pão não se resumia apenas a este fim. O pão era uma oferta privilegiada aos deuses. Sabe-se que Ramsés III ofereceu em vida mais de 200000 bolachas e mais de 6000 pães aos templos.

 

Pão Cónico

 Colecção do Museu de Agricultura do Cairo

 

   Os egípcios consumiam cerca de 30 variedades de pão no formato redondo, oval, triangular, cónico, sendo que este era dedicado aos deuses e, provavelmente, recebia sementes de cominhos. Havia também um pão de forma a servir de prato circundado de pãezinhos de diferentes tipos com que acompanhavam a refeição quando se comia deitado e com que limpavam os dedos na refeição tomada à mão. Havia, igualmente, um pão preparado com a farinha de lótus, misturando-se água e leite. Essa massa poderia ser enriquecida com ovos, mel, frutas como o figo e uma pasta de tâmaras e mel.

 

 

Pão Redondo

Colecção do Museu de Agricultura do Cairo

 

   Além de criar variações alterando ingredientes, os egípcios também foram os primeiros a construir fornos especiais para cozer o pão. Eram estruturas de barro em forma de colmeia ou de barril, com dois compartimentos, um em cima e outro em baixo. No compartimento inferior ficava o fogo, cujo calor, contido e absorvido pelas paredes do forno, subia gradualmente, garantindo uma temperatura elevada e estável. Os pães eram colocados no compartimento superior, que permanecia fechado durante o cozimento. O calor intenso irradiado pelas espessas paredes de argila fazia a massa «subir» quase instantaneamente, estimulando a fermentação e transformando em vapor a humidade da massa. Ao humedecer a atmosfera, o vapor retardava a formação da crosta, permitindo que o pão dilatasse ao máximo. Por fim, à medida que o pão cozia e o ar dentro do forno ia perdendo a humidade, formava-se uma crosta dourada e crocante, ao mesmo tempo que se completava o cozimento interno.

 

Pão Triangular

Colecção do Museu de Agricultura do Cairo

 

   Os Egípcios foram os maiores padeiros da Antiguidade, a ponto de serem conhecidos como os «comedores de pão».

 

   Bibliografia

   ALMEIDA, Daniel Francisco Otero de - Padeiro e Confeiteiro. Editora da ULBRA. 2ª edição, páginas 24 e 25

   MOREIRA, Vítor Joaquim - Manual prático de panificação. Lusos Sabores - Edições e Eventos, Lda, 2009. 1ª edição, página 15

 

   Fontes - Internet

   Les Céréales en Égypte ancienne - http://www.museum.agropolis.fr/pages/expos/egypte/index.htm